A ONG Transparência Internacional publica anualmente, desde 1995, o Índice de Percepção da Corrupção (“IPC”). O IPC tem como principal objetivo avaliar o nível de corrupção do setor público de 180 países e territórios, atribuindo pontuações em uma escala de 0 a 100, sendo 0 a categoria de país altamente corrupto e 100 a de muito íntegro. O IPC é calculado a partir de 13 fontes distintas de instituições independentes e reconhecidas internacionalmente, como o Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial. Assim, o IPC é considerado o principal indicador de corrupção no mundo, utilizado como referência por governantes de setores públicos e privados.
O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da COVID-19, e como consequência, o IPC destacou o impacto da corrupção nas respostas governamentais ao combate do novo Coronavírus. Além disso, o IPC observou que a corrupção não só comprometeu os investimentos emergenciais feitos em prol do sistema de saúde como também contribuiu para o enfraquecimento das instituições democráticas durante a pandemia.
O relatório de 2020 identificou que mais de dois terços dos 180 países analisados atingiram pontuação abaixo de 50, ficando com uma pontuação média de apenas 43. Em comparação ao IPC de 2019, cerca de 10 países melhoraram significativamente suas pontuações e, consequentemente, seus rankings. Entre eles, os que demonstraram os maiores avanços são: (i) Maldivas, que apresentou o maior avanço desde 2019 e subiu 55 posições; (ii) Cazaquistão, que subiu 19 posições; e (iii) Brasil, que avançou 12 posições. Em contrapartida, 13 países demonstraram declínio em seus rankings, sendo os mais drásticos: (i) Suriname, que desceu 24 posições; (ii) Argentina, que caiu 12 posições; e (iii) Egito, que declinou em11 posições. Desta forma, ao analisar os danos causados pela corrupção, o IPC enalteceu a importância da transparência no setor público e das medidas anticorrupção, especialmente durante situações emergenciais, como a do atual cenário global.
O Brasil, que na última avaliação realizada em 2019, somava 35 pontos e se encontrava na posição 106, na avaliação de 2020, soma 38 pontos e ocupa a 94º posição do ranking. Ainda que sua colocação tenha melhorado, o Brasil ainda se encontra entre os países com avaliações negativas no IPC. Importante destacar que a variação dos pontos calculados em 2019 para 2020, isto é, de 35 para 38 pontos, está dentro da margem de erro da pesquisa feita pelo IPC, que é de 4,1 pontos para mais ou para menos. Com isso, não é possível afirmar que houve de fato uma melhora na percepção da corrupção no Brasil em comparação com a edição do IPC de 2019.
Para mais informações acesse: https://transparenciainternacional.org.br/ipc/.